Previsão de chuva preocupa moradores que recém voltaram para casa em Porto Alegre; ruas ainda têm lixo acumulado

Omar Cardoso
Omar Cardoso

Volume acumulado previsto para cair entre sábado (15) e terça-feira (18) pode chegar a 120 milímetros. Prefeitura pede que população não descarte lixo a partir de sexta (14).

A previsão de chuva a partir do final de semana em Porto Alegre e região preocupa moradores que recém voltaram para casa, após as enchentes de maio. Segundo o governo do estado, o volume acumulado entre sábado (15) e terça-feira (18) deve ser entre 70 e 120 milímetros – semelhantes às médias previstas para todo o mês de junho.

No bairro Sarandi, na Zona Norte da capital, 26 mil pessoas e 8,1 mil imóveis foram afetados pela cheia.

“Muito desesperadora a situação. Nós estamos com medo da chuva, porque, pelo que consta, vai ser uma chuva bem volumosa”, diz a vendedora Emiliane Salazar.

A moradora relata que ainda há lixo nas ruas e teme que o acúmulo de resíduos bloqueie os bueiros e cause novos alagamentos.

“São muitos dejetos. De noite, o cheiro é insuportável, porque está tudo misturado. É lixo, é armário, é cama, é roupa, é tudo. E o que a gente teme? A gente teme que esse material vá pro esgoto, venha a entupir e cause outra enchente”, afirma Emiliane.

A Prefeitura de Porto Alegre afirma que reforçou a limpeza da região. No entanto, o prefeito Sebastião Melo (MDB) observa que o trabalho é dificultado por fatores como o tamanho do bairro e a necessidade de pessoal e máquinas.

A orientação da prefeitura é para que, a partir de sexta-feira (14), a população não coloque lixo para recolhimento nas ruas.

“A orientação que nós queremos passar aos nossos moradores é que, a partir de sexta-feira, não coloque mais lixo na rua até baixar a chuva, porque já tem muito lixo na rua. Então, nós vamos trabalhar, não vamos parar nem na chuva”, diz Melo.

“Estão há 15 dias já, eram 25 toneladas de farinha. Então, a gente precisa que a prefeitura tome atitude e retire para nós, para liberar a passagem”, pede Marcelo Silva, gerente de produção da empresa.

Sistema de drenagem
Na terça (11), a prefeitura reuniu servidores do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), Guarda Municipal e Defesa Civil para planejar as ações preventivas. Equipes devem atuar nas casas de bomba para atender em eventuais casos de falta de energia.

Outro ponto previsto pela prefeitura é a limpeza das “bocas de lobo”, por onde a água ingressa nos bueiros, para evitar que as redes de drenagem fiquem obstruídas. Contudo, o prefeito não descarta o registro de problemas em razão do volume de chuva.

“Não tem como limpar todas as redes e todas as bocas de lobo em um período tão curto, não tem como. Então, nós estamos focando (…) de que também você possa retirar o lixo desses locais onde tem cota baixa e limpeza de boca de lobo, mas é uma chuva que tem previsão de mais de 100 milímetros. Então, nós vamos ter problemas”, afirma Sebastião Melo.

A atualização mais recente da Defesa Civil aponta que os temporais de abril e maio deixaram 175 mortos em todo o Rio Grande do Sul. Além disso, 17 pessoas morreram de leptospirose, após contato com água contaminada.

Ao todo, 38 pessoas estão desaparecidas. A cheia afetou 2,4 milhões de pessoas em todo o estado, com impactos em 478 dos 497 municípios gaúchos.

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